sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Meios: expressão social da experiência?

Um suporte material? Uma linguagem, um signo, um código, uma mensagem, uma instituição, uma técnica, uma expressão social? Afinal, o que é um Meio de Comunicação (MC)? Esta pergunta foi o tema da palestra do pesquisador e professor da UNB Luiz Cláudio Martino (foto), na aula Magna do Mestrado em Comunicação que ocorreu na quarta-feira, dia 11, no auditório do CCSH. A atividade foi promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM.

Conforme Martino, quando se tenta definir o que é um meio de comunicação, vem à mente a idéia de transmissão, palavra que não dá mais conta do conceito de MC, que é bem mais complexo. Para MacLuhan, segundo Martino, os MC poderiam ser simulações tecnológicas do homem. Poderiam ser, também, simulações de uma capacidade mental.

Martino chamou a atenção para o fato de que os MC alteram as condições da experiência humana; de tempo e espaço, por exemplo. Os meios são moldados a partir dos usos sociais, "alteram e alargam nossa experiência".

O que já é de concordância de todos é de que as notícias são uma construção social. Os acontecimentos são moldados para gerar um valor, para gerar um cotidiano comum a todos. Os MC compõe a organização social e um acontecimento só "acontece" quando divulgados ou noticiados pelos meios de comunicação. Conforme Martino, os MC "são a expressão social da experiência".



Luiz Cláudio Martino tem "só" três mestrados enquanto nós, colegas tentamos, aos trancos e barrancos, fazer só um:

Luiz Cláudio Martino possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); mestrado em Comunicação pela Escola de Comunicação da UFRJ; mestrado em Psicologia pela Fundação Getúlio Vargas e UFRJ; mestrado em Ciencias Sociales, Cultures et Comportaments na Université de Paris V e doutorado em Sociologia na Université de Paris V. Atualmente é professor da Universidade de Brasília e coordenador do Programa de Pós-Graduação da instituição. Atua em pesquisa nas áreas de Teoria da Comunicação, Epistemologia da Comunicação, Meios de Comunicação e Metodologia de Pesquisa.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Mídia: espetáculo, sensação, monstruosidade

A mídia, suas complexidades e problematizações, foram os temas das palestras de Moisés Martins e Jean-Martin Rabot, pesquisadores do Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho (Portugal), que estiveram, no dia 06 de novembro, no II Ciclo de Debates "Mídia e Sociedade", na UFSM.

O evento foi promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade, com apoio do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS, e teve a participação de estudantes e professores universitários da Comunicação e de outros cursos

Moisés Martins falou sobre “Espaço Público e Media: da crise do Estado à crise da cultura”. Para ele, "nossa cultura é a da comunicação generalizada" gerada pelas novas tecnologias de comunicação e informação. Conforme Martins, vive-se num tempo acelerado e numa cultura acelerada. Neste ambiente, techné e bios se fundem e determinam a cultura e o modo de vida da atualidade. Vive-se, nas palavras de Martins "o princípio de estetização do mundo" e tudo é convertido em emoção, que é controlada pelas tecnologias. Nesse sentido, a mídia provoca as sensibilidades humanas, transverte os conteúdos em euforia, sensações e emoções. Um exemplo é a exposição pública da dor privadas, as notícias sobre acidentes, tragédias, dramas humanos. Enfim, é o espetáculo que rege as lógicas midiáticas. Como Martins afirma, o discurso sensível, efervescente e comovível substitui o discurso objetivo e frio do jornalismo referencial. O que se impõe é a lógica do pathos, do animus, da paixão. Na opinião do pesquisador, é preciso pensar em uma ética para a mídia.

"A liberdade é a incerteza". Com essa frase, Jean-Martin Rabot, deu início à sua palestra sobre “as figurações da monstruosidade nos media”. Para Rabot, a monstruosidade, apesar de trazer referências a algo externo, é uma característica ancorada no homem. Ele lembrou que os monstros nos remetem a elementos negativos, figuras combatidas pelo herói grego, por exemplo. "O monstro é a figura invertida do herói". Na opinião do pesquisador, apesar das histórias separarem o herói do monstro, o bem e o mal estão interligados e incorporado em um só ser. A religião, o politeísmo e outras culturas mostram essa fusão que inclui a monstruosidade. Para Rabot "o monstro está em nós" e isso explica as figurações e representações presentes na mídia.


(Na foto, a turma 2009 do Mestrado do PPGCOM, as professoras Eugenia e Ada Cristina, e os portugueses)